segunda-feira, 30 de maio de 2011

A sua sapatilha de ponta nova!

Olá bailarinas e família!

Nesta postagem coloco informações importantes sobre a saúde dos pés das bailarinas que já usam sapatilhas de ponta e também compartilho com vocês dois videos bem interessantes sobre boas formas de costurar e de amaciar ("quebrar a ponta" no jargão do ballet) suas sapatilhas de ponta novas.

Inicialmente é importante compreender a anatomia do pé e do tornozelo, seus pontos de sustentação e apoio:
Temos 26 ossinhos divididos nas regiões do antepé (parte da frente, onde haverá bastante sobrecarga), mediopé (parte central do pé, no arco) e retropé (parte de trás, junto ao calcanhar).

Todos esses ossos são unidos por ligamentos (como se fossem fitinhas que conectam os ossos uns aos outros) e movimentados e/ou sustentados por músculos pequenos e importantes, que realizam movimentos pequeninos e de ajuste da postura e da técnica de dançar sobre as pontas.

A articulação do tornozelo também, é muuuuito importante e é composta pela tíbia e fíbula (ossos da perna) que se articulam com um osso que fica sobre o calcâneo (osso do calcanhar) e que é chamado de talus.



Quando subimos em ponta, devemos nos certificar que apoiamos o peso corpóreo sobre o platô da ponta (pontinha quadradinha que fica na biqueira da ponta), distribuindo-o nos três primeiros dedos e alinhando bem direitinho o centro do tornozelo (região conhecida como sinus do tarso) com o 2º dedo do pé (começamos a contar os dedos do dedão, que é o 1º ao mindinho que é o 5º).

A força para subir na ponta vem da combinação da contração dos músculos da panturilha (gastrocnêmios e sóleo), da estabilização para não tombar para os lados de fora vinda da contração dos fibulares (músculos da lateral da perna e dos tornozelos) e dos músculos da flexão plantar do pé (do ato de fazer ponta de pé, fazendo força na sola do pé).




Não devemos fazer grandes esforços em ponta enquanto temos de 8 a 11 anos, ficando mais tempo fazendo exercícios de barra (para aprender os posicionamentos corretos e ter consciência da postura do corpo e da movimentação do pé co  a sapatilha de ponta) do que de centro para não prejudicarmos nossas cartilagens e ossinhos em crescimento; depois disto, nossos pés já cresceram um bocado (assim como todo o nosso corpo!) e nós ganhamos força e consciência corporal suficiente para dançarmos com a ponta no centro da sala.



O trabalho de pontas deve ser feito em aulas especiais e específicas a este fim pois demanda tempo, paciência e consciência. É dificílimo projetar nosso centro de massa corpóreo em tão pequena base de apoio e atingir o equilíbrio! Exige muuuutio treino! Mas não desista!



Após as aulas devemos tirar as sapatilhas, guardá-las corretamente, massagear nossos pés e alongar os músculos entre os dedos e metatarsos, para evitar deformidades.



Antigamente as professoras de ballet (algumas minhas, por exemplo...) não deixavam as alunas usarem ponteiras, o que era horrível, pois dançávamos com os pés sangrando de tão machucados (um crime à saúde dos bailarinos). Acreditavam (naquele tempo, claro) que esta prática calejaria mais rapidamente o pé da bailarina e a tornaria mais resistente à dor (afe!!!).

Lembro de minhas unhas caírem e de não suportar mais ensaiar de tanta dor (além das manchas de sangue que apareciam do lado de fora da sapatilha). Ai, ai... parecia filme de terror, tipo, "Jogos mortais", "Cisne Negro", eu hein, cruz-credo!!!!! No more pain!


Eu, como boa pesquisadora na área da saúde do bailarino, condeno TOTALMENTE esta prática e sou a favor da consciência corporal como base à uma boa técnica. As bolhas aparecerão mesmo com ponteiras de silicone se o treino for puxado e daí vocês aprenderão a cuidar delas (chinelinhos para ventilar, a dupla água e sabão, secador de cabelos morninho e pó antisséptico nelas!).


Também é importante saber que existem vááááários tipos, modelos e marcas de sapatilhas de pontas para os diferentes tipos de pés. Existem pés largos (que vão melhor com formas C ou D) e estreitos (que ficam melhor em formas A ou B); com colo de pé avantajado (que precisam de gáspea alta) ou com pouco colo de pé (precisam de gáspea mais baixa), mais fortes (palmilha reforçada ou super reforçada), mais fracos (palmilha normal ou pré-amolecida), divisões de tamanho de meio em meio número (a ponta deve calçar como uma luva no pé com a ponteira, não deve ficar apertadíssima senão dói e prende a circulação e não deve ficar folgada, senão é perigoso cair e torcer o pé!!!). Não devemos estragar nosso instrumento de trabalho se quisermos dançar por bastaaante tempo!


 E a força interior vem da disciplina, da persistência e do respeito aprendidos nos longos anos de aprendizado de ballet (e não por meio da quase mutilação dos pés por bolhas de sangue recorrentes e lesões sem fim, credo!!!).

Afinal, a gente não dança para sofrer; a gente dança para ser FELIZ!!!!



Vejam as dicas a seguir e boas aulas de ponta!

Beijos!

Profª Danielle

Video - como costurar suas pontas novas: http://youtu.be/8n9vuHXKgaA

Video - como "quebrar" suas pontas novas: http://youtu.be/pX-PNqJr9z4

Video - como iniciar o trabalho em pontas: http://youtu.be/tDqY1wQMvuU

Video - dançando em pontas (Nina Ananiashvili Don Quixote Kitri Variation): http://youtu.be/6bNaji1ljzQ 

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